2006-05-31

Efeito Revigorante

Depois de mais um dia de trabalho, ir ver o mar.
Sentar-me em frente a ele durante alguns minutos.
Não preciso de o ver.
Posso fechar os olhos e simplesmente ouvir o seu rugir mansinho, sentir na brisa o seu cheirinho...
E ir para casa com a alma cheia de maresia.


Mar,
Metade da minha alma é feita de maresia.
(Sophia de Mello Breyner)



(foto de Renato Roque)

2006-05-25

Rótulos descolados

Após umas longas e descansadas férias, (suspiro) voltei ao trabalho e enviaram-me logo para um Curso de 2 dias na Área Comportamental.
"Área Comportamental?"
Comecei a imaginar-me em aulas como a minha avó conta que tinha e onde se aprendia a:
- andar com livros à cabeça para uma melhor postura;
- comer com livros debaixo dos braços para não "abrir as asas";
(nunca me tinha apercebido como os livros tinham uma importância extrema na aulas de comportamento...)
- sentar com os joelhos coladinhos um ao outro;
- falar baixo e pausadamente
Enfim, tudo aquilo que uma menina deveria saber sobre comportamento em sociedade.
Mas, afinal, o curso era sobre comportamento nas relações interpessoais.
E queriam que eu aprendesse que há 4 estilos diferentes.
Ou seja, foram criados 4 rótulos que é suposto irmos colando às pessoas, de acordo com o modo como elas se relacionam com os outros.
É curioso como se criam rótulos e depois o mais difícil é conseguirmos encaixar a realidade nesses mesmos rótulos.

Ainda para mais quando os rótulos são:
1) estilo manipulador - sou uma cabra dissimulada e hipócrita de forma a conseguir sempre o que quero dos outros
2) estilo passivo - sou uma mosca morta que acato sempre o que os outros querem com medo de os desagradar
3) estilo agressivo - sou uma vaca ranhosa que impõe a sua vontade a toda a gente de forma a que os outros façam aquilo que eu quero
4) estilo assertivo - sou uma gaja porreira que ouve os outros e tem em conta a sua opinião e age sempre de forma aberta e correcta.



Mas quem é que se consegue encaixar aqui?
Bem, sim, há algumas pessoas que eu até consigo encaixar nos 3 primeiros... mas são casos particulares.
A maior parte não se consegue catalogar com rótulos tão extremos.
Até porque o nosso estilo depende da nossa disposição, da hora do dia, do interlocutor, do local, de quem está presente... Há tantas variáveis...
E, se calhar, no ideal, até gostaríamos todos de ser assertivos mas, provavelmente, em algumas situações, até dá mais jeito assumirmos um dos outros 3 estilos.
E então faço de conta que aprendo, participo em exercícios práticos (que não passam de teóricos) onde se colam rótulos, recebo um diploma e vou para casa a descolar os rótulos que me quiseram impingir.