2007-04-23

Menos uma mania...

Cada tolo com sua mania, costuma-se dizer.
Eu até tenho várias.

Não sei se isso me confere algum grau de tolice especial mas é verdade: tenho várias.
Uma das minhas manias mais satirizadas (por quem a conhece) era a de andar com a antena rádio do meu carro guardada dentro do carro, escondida.
A antena é daquelas de rosca, muito fáceis de tirar (e muito fáceis de roubar).
Então, para que não ma roubassem, eu simplesmente não a colocava no sítio.
Como nos meus trajectos diários consigo apanhar todas as estações que costumo ouvir sem qualquer necessidade da antena, andava sempre com ela guardada.
Apenas tinha alguns problemas quando fazia alguma viagem ou ia a qualquer sítio fora dos meus circuitos habituais porque, como não estava habituada a fazê-lo, esquecia-me de colocar a antena no tejadilho e "perdia" as estações.
Também notava algumas dificuldades de sintonização nos Parques de Estacionamento cobertos.
Há cerca de 3 meses, no entanto, quando ia a sair de um Parque de Estacionamento coberto, notei que, estranhamente, o rádio estava a funcionar sem qualquer problema de sintonização.
Ao sair do carro, olhei para o local da antena e ela estava colocada.
"Mas eu não me lembro de a ter colocado nestes últimos dias…", pensei eu.
Voltei a entrar no carro e procurei no sítio onde costumo ter a antena guardada e ela lá estava!
"Fantástico, colocaram-me uma antena no carro!"
Não queria acreditar mas era verdade.
Ao contrário do que eu temia, alguém me tinha "oferecido" uma antena.
E o mais fantástico é que tenho andado sempre com ela colocada desde esse dia e ela ainda não desapareceu…
É claro que isto aniquilou completamente a minha mania.

Para quê a mania de evitar que nos roubem a antena se ela, além de não ser roubada, ainda se duplica?


Rabigomobile ostentando, orgulhosamente, a sua antena

2007-04-18

A Mãe Natureza e o folclore

No passado fim de semana fui numa "Escapadela" para a zona centro do país.
Aproveitei para visitar as Grutas de Mira de Aire.

"São 683 degraus para descer a uma profundidade de 110 metros. Um percurso sinuoso, feito com os olhos bem abertos, tanto pela beleza misteriosa do cenário, como pelo grau de perigosidade, dada a humidade do chão. As grutas de Mira de Aire, concelho de Porto de Mós, são as maiores de Portugal e as terceiras a nível europeu. A grandeza do local é proporcional à beleza que o Homem tem conseguido preservar." (in JN)

Logo à chegada fiquei um pouco mal impressionada.
O edifício construído à volta da entrada nas Grutas, e que funciona como café/bilheteira, tem ar de bomba de gasolina dos anos 70: um bloco de cimento carregado de placas metálicas laranja e azul fortes. Decerto que chama a atenção mas destoa de tal forma com a paisagem da Serra de Aire que é até agressiva para a vista.
Já no interior, comecei a pensar que, ao contrário do que noticia o JN, talvez o Homem, ao tentar realçar a sua beleza natural, esteja a descaracterizar o local.
A música clássica ambiente, por exemplo, era completamente dispensável.
E a iluminação poderia ser mais sóbria, sem recorrer a várias cores diferentes.
Mas isso não é tudo.
Numa das últimas salas, o guia apresentou uma pequena galeria como a "Sala do Bar".
De facto, num dos lados da sala estava uma estrutura de pedra com aparência de balcão, enquanto que no lado oposto, outras se assemelhavam a pequenos bancos.
Achei um pouco estranho e perguntei ao guia se aquilo era efectivamente um bar.
Ele respondeu que tinham pensado em fazer um bar mas tinham acabado por desistir (já com o balcão construído) porque tinham concluído que seria apenas rentável no Verão e seria necessária uma logística um pouco complicada para abastecer o bar de produtos.
Ainda estava eu a matutar como é que alguém tinha levado a sério a possibilidade de colocar um bar em funcionamento no interior das grutas (valha-nos a "falta de rentabilidade económica"!) quando me deparo com outra ideia brilhante. Mas esta concretizada.
O rio natural que corre no interior da gruta, e que por si só já deveria ser suficiente para surpreender qualquer um, estava minado de repuxos iluminados.



Suponho que a entidade que gere as Grutas tenha sido contagiada com a febre das fontes luminosas de há uns anos.
E porquê fazer uma fonte igual à de qualquer outra vila portuguesa quando se pode fazer a fonte no interior das maiores grutas de Portugal?

Eu, se fosse a Mãe Natureza, estaria muito zangada. Centenas de milhares de anos a formar as grutas para depois um animalzinho que se diz inteligente as "folclorizar" desta maneira.